segunda-feira, 25 de maio de 2009

7º ENCONTRO - 17MAI09

De 1959 a 1973

domingo, 24 de maio de 2009

Camarada

Vários dicionários vários significados dos quais saliento:
Pessoa que convive com outra; companheiro. Amigo fraternal e cordial. Condiscípulo, colega. Cada um dos indivíduos que exercem a mesma profissão.
Que denota camaradagem, simpatia, amizadeEm síntese, e simplificando a sua vertente principal, desta forma designa-se a pessoa a quem se está ligado por uma familiaridade originada de actividades comuns ou afeição voluntária, indica-se aquele que tem os mesmos hábitos, interesses ou ocupações e, enfim, tratar-se-ia ainda de uma forma de tratamento entre iguais.
Nós militares, referimo-nos frequentemente uns aos outros, independentemente dos postos, como camaradas.
Desta forma, evidenciamos que as relações humanas dentro das forças armadas, possuem uma natureza específica, que transforma superiores, pares e subordinados em membros de uma organização consolidada por laços de união.
Alguém que prive brevemente com militares, poderá julgar que este termo é usado para evidenciar determinados membros de uma unidade. Porém, se dispuser de tempo para realizar uma análise mais profunda, chegará à conclusão que tem dois significados distintos.
Pode ser empregue de forma singular, para caracterizar a relação intensamente pessoal entre dois militares, criada e estimulada pelas condições de grande sacrifício inerente a certas missões.
Porém, também pode ser aplicado de forma genérica, englobando todos os homens e mulheres de uma mesma unidade, que partilham as dificuldades e os riscos comuns da vida castrense.
Pelos factos salientados podemos evidenciar três dos sustentáculos essenciais para construir e manter a sã camaradagem:

1º Compreensão
Camarada é aquele que em quaisquer circunstâncias, nos entende e está interessado em ouvir-nos.
É, ainda, aquele que corrige os nossos pensamentos ou acções com justiça e franqueza. Quanto mais intensa é esta compreensão mútua, mais sólida e duradoura é a camaradagem.

2º Universalidade
Numa unidade todos os seus membros se devem sentir reciprocamente camaradas, para que as relações sejam no sentido de nos aproximar-mos e de trabalhar-mos alimentando o sentimento de dependência mútua, que gera compreensão e apoio com generosidade.

3º Respeito
Um camarada não critica nem compara publicamente os respectivos desempenhos profissionais. Quando o fazem, têm tendência a colocar, desnecessariamente, os seus deveres para com a organização acima da estima pessoal recíproca.
A experiência mostra que, aqueles que comparam os desempenhos profissionais de outros são, quase sempre, os que, numa situação de dificuldade durante o desempenho de uma missão, mais facilmente se esquecem dos camaradas e que há uma dependência recíproca entre todos os militares empenhados.

Fundamentalmente podemos dizer que se compreendermos e fizermos destes três sustentáculos essenciais da camaradagem uma filosofa de vida que esta transcende e sobrepõe-se à hierarquia e ao sistema formal de imposição da autoridade.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Navegador da Força Aérea Portuguesa

Se recuarmos no tempo verificamos que Portugal é um dos mais afortunados sobreviventes da história, sendo pioneiro em muitos dos acontecimentos da civilização ocidental e acabando com mitos acerca do que estava para além do horizonte.
Até ao século XV o oceano foi um dos grandes mistérios do mundo, porque o medo de “monstros” que povoavam o horizonte longínquo não era propício a aventuras. No entanto em 1415, com a conquista de Ceuta aos mouros, um desejo de exploração invadiu a Corte Portuguesa e a sociedade intelectual da altura. Tendo como principais razões o alargamento do comércio e a Cristianização em nome de Portugal, e como grande impulsionador o príncipe D. Henrique, filho de D. João I, vários acontecimentos se seguiram desde a transposição do cabo Bojador por Gil Eanes, em 1434 à primeira viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães em 1519-1522.

No entanto os Navegadores Portugueses não desapareceram: cinco séculos após a era das caravelas tinham-lhes sucedido as asas dos aviões.

Adaptando técnicas de navegação marítima à navegação aérea e procurando outras, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, após vários voos de experiência entre Lisboa e o Funchal, realizaram o voo que ligou a Europa ao Sul da América, em 1922. A importância histórica do feito não é, por si só, a ligação dos dois continentes, mas também as técnicas e o novo modelo de navegação de precisão utilizado, a navegação astronómica adaptada à aeronáutica.
Mas com o desenvolver da navegação marítima e a adaptação das suas técnicas à navegação aérea, através de investigações anteriores sobre as propriedades das ondas electromagnéticas, foram desenvolvidos vários sistemas de navegação rádio com especial utilização durante a segunda guerra mundial. Contudo este tipo de ajudas à navegação era limitado, requerendo uma vasta rede de estações em terra e equipamentos a bordo das aeronaves, foi então reconhecida a necessidade de estudar um sistema de navegação que não necessitasse de referências do exterior e então desenvolvido o primeiro sistema de navegação inercial, auto-suficiente, não requerendo qualquer tipo de ajuda para determinar posições ou direcções.
Após o desenvolvimento dos instrumentos inerciais e essencialmente pelo facto de ainda, estes, não efectuarem uma cobertura global (navegação polar), iniciaram-se pesquisas com o objectivo de desenvolver um novo e sofisticado meio de navegação. Desenvolveu-se, assim, o sistema NAVSTAR-GPS que permite aos utilizadores em terra, no mar e no ar, a obtenção da sua posição determinada em três dimensões, a sua velocidade, e uma disponibilidade a todo o momento e em qualquer parte do mundo, “all weather”, com precisão e exactidão melhor do que qualquer outro sistema de rádio navegação disponível nos dias de hoje.

Mas apesar de toda a evolução tecnológica, a Navegação como arte ou ciência assenta essencialmente em dois problemas: a necessidade de saber a posição geográfica e a direcção a tomar para atingir o local de destino.

É deste binómio que nasce o Navegador na aviação.

O Navegador dos dias de hoje distancia-se notavelmente do Navegador dos primórdios da Navegação Aérea, não só pelas técnicas e equipamentos utilizados mas também pela quantidade de informação que lhe compete gerir e validar.
O que mudou profundamente foi a aviónica das aeronaves. A aplicação de modernas tecnologias viradas para a informação e técnicas digitais, vieram disponibilizar ao operador uma quantidade enorme de informação que é apresentada nos painéis das aeronaves de forma lógica e integrada, em mostradores não mecânicos, mas digitais. Assim em vez de dezenas de mostradores individuais, surgem-nos, modernamente, nos “cockpits”, uma quantidade muito pequena de ecrãs que apresentam aos pilotos, de forma rápida e de fácil interpretação, toda a informação aeronáutica necessária à sua missão. Parte desta informação relaciona-se com a navegação da aeronave: o piloto quer saber onde está, qual o rumo para chegar ao seu destino e qual a hora de chegada, sendo mais que evidente que estes modernos processos alteram substancialmente o trabalho do navegador como tripulante da aeronave. Porém, se é verdade que a tarefa de navegação se simplificou extraordinariamente, por via da automatização, o mesmo não se pode dizer das aplicações tácticas das plataformas. O que antes era levado a cabo por várias frotas de aeronaves, cada uma com a sua missão específica, é agora executado por apenas alguns tipos de aeronaves, todas elas “multi-role”. Por outro lado, a incerteza quanto à área de operações onde vão operar, a par das ameaças que sobre as ditas impendem, em conjunto com a complexidade dos teatros de operações, aconselha a que a bordo de algumas aeronaves existam tripulantes para validar e gerir esta informação na consecução dos objectivos da missão ao nível táctico e, ainda a recolha dos dados que permitam a decisão estratégica do escalão superior.

Por todos os factos salientados podemos dizer que apesar de toda a tecnologia utilizada e da panóplia de instrumentos que hoje gerimos e validamos os Navegadores Aeronáuticos dos dias de hoje tão bem como no passado demostram que:

"Não basta saber voar, é preciso que o Mundo conheça que os descendentes dos antigos pioneiros do Atlântico sabem voar como também sabem navegar."
Almirante Gago Coutinho